Apoio às escolas - Momento 2

Desafios de escrita em… 77 palavras

Prontos para mais um mês de desafios?

Segunda ideia

Um dos desafios que se tem revelado mais divertido, embora implique muito trabalho, é a questão de brincar com as letras. Impor ou retirar letras leva-nos a uma enorme viagem através do vocabulário.

Mas não só. Quando desparece, por exemplo, o U, ficamos sem uma das mais poderosas muletas de escrita: o que. Isto implica com a construção da frase ― a sintaxe tem de ser muito cuidada, para que o texto faça sentido.

Só por este trabalho, de vocabulário e sintaxe, todos os exercícios que implicam letras são bem-vindos.

Vamos a exemplos: um com letras proibidas, outro com letras impostas. Cada um, à sua maneira, provoca uma observação da ligação entre o que se diz e como se diz preciosa.

  1. Vamos ao primeiro, retirar uma letra:

O desafio que vos proponho é muito fácil de explicar.

Escrevam uma história em 77 palavras sem usar a letra A

Não, não é impossível! É só escolher bem o tema (convém que não seja sobre zebras, ou cidades, ou escolas – mas podem ser com besouros, montes, colégios ☺) e… tudo se consegue.

Atenção – para que a questão da ausência de tema seja retirado da preocupação, costumo escrever no quadro nomes sem A, para que sirvam de personagens, locais, sensações, e assim tudo possa nascer em modo de jogo, de descoberta.

Desafio nº 37 – uma história sem usar a letra A

Deixo aqui a minha:

Foi de noite que se desconstruiu, que o seu mundo ruiu: escuros futuros envoltos em sonhos sem fim nem tino; presentes chuvosos sem um fio de sentido; hojes de ontem sem regresso. Tudo ruiu. Foi deste modo que Jorge se ergueu do leito, mergulhou no seu depois e se infiltrou no novo mundo. Fê-lo sem remorso ou sentimentos escondidos. Fê-lo sim como um verme que emerge dum fruto podre. Foi recebido em tumulto por todos. Sentiu-se outro. Margarida Fonseca Santos

 

O nosso peixe Rei, o nosso querido ídolo, é muito rico em miminhos. Todos nós tivemos gosto em revê-lo. Em princípio, ele gostou de nos ver de novo contentes e sorridentes! Foi um excelente reencontro em treze de setembro. O Rei e mulher têm muito gosto em receber os meninos irrequietos, os novos filhotes e todos os professores. Juntos iremos construir elos bem fortes e permitir desenvolver novos sonhos. Um ninho bem quentinho cheio de peixinhos felizes! ​4ºA, Escola da Ermida, São Mamede, de Infesta-Matosinhos, prof Liliana Mendes

 

Num monte colorido com flores de muitos tons, o vento é um conto de um livro belo como o sol, que surgiu e floriu. De noite, os lobos dormem em neve que reflete um espelho de segredos e frutos de inverno gostosos. No outono, os insetos preferem comer restos de milho e mirtilo em conjunto com outros frutos secos: nozes, pevides e pinhões bem doces. E neste mundo incrível, existem sempre muitos e muitos momentos deliciosos, coloridos. Isaura Beijinha Pronto, 9 anos, Caldas da Rainha

 

Vi o coelho e segui-o prudentemente. Sem conhecer o sítio onde me encontro, procuro um coelho cor-de-neve. Ele diz eu sou um ser esquisito. Ele veste-se com um colete muito fino e tem sempre consigo um relógio de bolso. Pergunto-me se ele tem medo de mim!? Onde estou ninguém tem o mínimo juízo, ninguém é (nem um pouco) sério e todos me dizem o mesmo: que sou um ser esquisito. Socorro, estou com muito, mesmo muito medo! Matilde Taleço, 6ºJ, EB José Maria dos Santos, prof Teresa Meireles

 

O suporte do meu mundo é o sol que por meus olhos recebo. É o ressurgir de um sonho miudinho que em pequeno esqueci. Obstruo todos os perigos, e encerro o que de menor me corrompe. Perco-me e reencontro-me no cubículo em que me fechei, pois só quero esquecer o remorso de tudo o que fiz. Só vivo o que de infinito tenho, porque em infinitos me cerquei. E o suporte do meu mundo é só meu. Ana Sofia Cruz, 15 anos, Portugal 

 

Hoje tive um sonho muito horrível. Sonhei que o mundo morreu, que fomos destruídos por gente de um outro mundo. Foi muito confuso, fomos destruídos em menos de vinte minutos. Consegui sobreviver porque estive muito bem escondido. Escondi-me sob o sítio onde vivo. Depois de cem minutos, estava um silêncio incrível. Vi um sítio em que um homem morreu porque o teto destruiu-se e morreu de dores. Estive com muito medo e nesse momento mudei de sonho. Ruben Brandão Oliveira, 16 anos, aluno do Curso de Língua e Cultura Portuguesas de Petit-Vennes (Lausanne, Suíça) – prof. Paula Matos Santos (Português como língua estrangeira)

 

  1. Vamos agora fazer o contrário, tendo letras obrigatórias (… perdendo metade do alfabeto):


Como já devem saber, o país tem estado em crise. Mas sabiam que a crise também pode chegar ao abecedário? É verdade, pode... e chegou!

A nossa história vai ter de uma apenas e só estas letras:

A  E  O  T  R  S  P  L  M  N  D  C
Divirtam-se... em 77 palavras!

Desafio nº 8 – crise de letras; usar só A  E  O  T  R  S  P  L  M  N  D  C

É bem divertido, ora vejam:
Teresa parece cansada, mas não está. Apenas se prepara para entrar no sono reparador. Terá o despertador a acordá-la, mas até lá dorme. Pedro não. Permanece acordado, tomando conta da tenda. Estão no deserto e tem medo do camelo. Mas o cansaço é tanto… adormece sem dar conta! Será acordado pelo camelo às sete. É manso, pensa então. Serão todos? Teresa acorda e Pedro prepara-se para contar como o camelo é pacato, mas Teresa não presta atenção! Margarida Fonseca Santos

 

O pato corre atrás do carro do Pedro. O leão come o pateta do sapo. O sapato roto corre com o carro do Carlos. A Leonor atropela o carro contra o banco. O tonto come a papa toda e dorme à mesa, antes do doce de pera acampar no prato. No teatro, o palco é no aeroporto e o ator é atropelado pelo pato ao lado da plantação de tomate. O conto pateta do setenta e sete. Manuel, 4º ano, Jardim-Escola João de Deus Porto

 

Esta tarde, o Leonardo come o melão na sala de estar. Está calor! A mãe rala-se: "Não podes entornar nada!..." O cão morde o pé do Leonardo e ele, com medo, entorna a polpa do melão. A mãe entra na sala e ele salta para se esconder, mas não tem tempo. A mãe começa a correr atrás dele, tropeça e estatela-se no tapete. Não parte a perna, ao acertar no melão. Perdoa ao Leonardo e permanecem contentes! Alunos da turma 5 do 4º ano da EB de São Domingos, Agrup Alexandre Herculano de Santarém, prof Maria do Céu Ferro

 

Pedro e a mãe estão no metro. Ele tem, na mala de pano transparente, trapos, setas, potes e tampas. A mala é de seda amarela. A mãe do Pedro transporta tomates, coentros, porco, salsa, sal e torresmos, no cesto cor-de-rosa. Passam pela tasca do aeródromo do Porto para comer o prato da casa. Esse prato é preparado com ananás assado e pato do campo. Após comerem, descansam no carro preto e amarelo do tropa Tó de Tondela. Nuno Dias, 6A, Agrupamento de Escola de S. Pedro do Sul, EB n.º 2, 11 anos, Prof. Susana Palma

 

O cão está cansado e até parece morto. O amor dele não o ama. O cão perde a esperança, o cão não para de pensar, o cão não para de ladrar. O cão está descontente, o cão está morto por dentro. A cadela ama-o, mas não está atenta. O cão não conta com nada e não para de pensar nela. A cadela ladra, corre, come, salta e está completamente certa, ama-o e não para de pensar nele. Mario Ardila López, 16 anos, Esc Sec IES Zurbarán, Badajoz, prof Catarina Lages (Português como língua estrangeira)

 

André é o nome do dono do pensamento dela. A todos os momentos ela pensa nele. Cometer erros todos cometem, até mesmo ela. Com os erros apreende-se sempre. Em plena escola, em casa, em todo o local, ela mostra, não mente, ela a todo o tempo a ele se declara. Encanta-se com o doce contemplar do amado. Amam-se, está na cara, todos entendem. Ela só pretende tê-lo com ela para sempre. Ama-o realmente eternamente. Entenderá ele esse amor? Adriana de Pinho Moreira, 10ºC, Escola Básica e Secundária de Fajões

 

Marcações: 77 palavras,, escolas,, margaridafonsecasantos,, nov 2017, #77palavras